A conduta do posicionamento político da IECLB na Ditadura Militar, Governo Médici (1969-1974).


Dr. Rubem A. Mariano 
Whatsapp (44) 998527943

Acima, encontra-se a capa do meu mais novo livro intitulado *Manifesto Secreto 1970* - uma história original sobre a Igreja e a Ditadura no Brasil, que se encontra em processo de conclusão. Acredito que o formato do livro torna-o mais acessível ao público em geral, em contraste com uma tese de doutorado que segue normas e regras acadêmicas específicas. Não obstante, o meu futuro livro incorpora as contribuições que considero que minha tese proporcionou ao meio acadêmico e à minha área de pesquisa. Espero que os leitores apreciem a obra e sintam-se encorajados a enviar suas avaliações e críticas.

Este livro é derivado da minha tese de doutorado intitulada *A Conduta do Posicionamento Político da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil contra os Direitos Políticos, Sociais e Humanos, após a Decretação do AI-5, durante o Governo Médici (1969-1974)*, que teve como objetivo principal analisar o comportamento e as posições políticas da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) após a decretação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), durante o Governo Médici (1969-1974), tanto no Brasil quanto no exterior. Naquele período, o Brasil enfrentava intensos conflitos políticos e sociais, que se iniciaram na Era Vargas. Em 1964, o presidente democraticamente eleito João Goulart foi deposto.

Em 1964, no quarto ano do governo de Goulart, ocorreu um Golpe de Estado civil-militar liderado por elites empresariais, servidores públicos, membros do judiciário, legislativo e militar. Os golpistas contaram com o apoio de parte das lideranças da sociedade civil e religiosa, incluindo a imprensa e, de forma significativa, cristãos católicos e protestantes.

Em 1968, sob o comando do presidente Costa e Silva, o decreto-lei AI-5 foi emitido, marcando um novo momento na Ditadura Militar. Durante o Governo Médici, esse período ficou conhecido como "anos de chumbo", quando a força e a violência foram empregadas para perseguir, ameaçar, torturar e assassinar opositores políticos, sob a justificativa de manter a legalidade e a legitimidade. Configurou-se, assim, um verdadeiro "terror de Estado". O AI-5 tinha como objetivo garantir a governabilidade, alegando tratar-se de uma questão de Segurança Nacional contra comunistas, corruptos e destruidores dos valores tradicionais da família e do povo brasileiro.

Enquanto o Campo Religioso Cristão Protestante (CRCP) mantinha seu apoio crescente ao regime, o Campo Religioso Cristão Católico (CRCC) começava a se opor às práticas de tortura da Ditadura Militar.

A IECLB, fora do eixo Rio-São Paulo-Minas e com sede no Rio Grande do Sul, como uma das igrejas protestantes de origem alemã, também precisou se posicionar politicamente. A pesquisa buscou entender a seguinte questão: quais razões explicam a conduta e o posicionamento político da IECLB após a decretação do AI-5, durante o Governo Médici?

Para orientar a pesquisa, foram levantadas as seguintes hipóteses: a IECLB apresentou comportamentos e posições políticas distintas, moldadas por disputas internas no Brasil e no exterior entre aqueles identificados como defensores da manutenção ou mudança do status quo. Essas condutas resultaram em posicionamentos políticos como "confiança-apoio", "respeito-conivência" e "crítico-ruptura" em relação ao papel sociopolítico da IECLB no Brasil e no exterior. 

Os dois primeiros posicionamentos prevaleceram sobre o último. Tal afirmação encontra respaldo no vasto material pesquisado que revelou fortes indícios desse posicionamento prevalecente, expostos através de exemplos-provas. O primeiro exemplo é o boicote sistemático da cúpula diretiva da IECLB a Dom Helder Câmara, como o voto contra a indicação do bispo ao Prêmio Nobel da Paz. O segundo exemplo é o silêncio do presidente da IECLB e, na época, também presidente da Confederação Evangélica do Brasil, pastor Karl Gottschald, bem como o da IECLB diante dos apelos não respondidos feitos pelo Frei Tito de Alencar, que foi brutalmente torturado pela Operação OBAN, em São Paulo, após sua carta endereçada a Gottschald ter sido estranhamente entregue ao Serviço Nacional de Informações da Presidência da República (SNI).

Utilizando os autores Marc Bloch e, especialmente, a Teoria de Campo de Pierre Bourdieu, foi realizada uma análise abrangente de várias fontes: livros especializados, dissertações, teses, atas, boletins, revistas, jornais, sites e arquivos, como o Arquivo Histórico da IECLB, o Arquivo Nacional "Memórias Reveladas", o Arquivo Confidencial do "SNI" e arquivos pessoais de religiosos luteranos, os quais proporcionaram descobertas e surpresas.

Os leitores podem acessar minha tese na íntegra na página da Universidade Estadual de Maringá (UEM), através do seguinte link. Sintam-se à vontade:

A conduta do posicionamento político da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil contra os direitos políticos, sociais e humanos, após a decretação do AI-5, durante o Governo Médici (1969-1974)


Comentários